Privatização da TAP tem de proteger centro estratégico
O presidente da ANA considera ser "extremamente importante" que o Governo que privatizar a TAP, seja este ou o próximo, o faça garantindo um projeto estratégico que privilegie o funcionamento do 'hub' (centro de conexão de voos) de Lisboa.
© Lusa
Economia ANA Aeroportos
Ressalvando que "seria gratuito falar sem conhecer o projeto estratégico do futuro da TAP, caso ela venha a ser privatizada", em entrevista à agência Lusa, o presidente da ANA - Aeroportos de Portugal, Jorge Ponce de Leão, sublinha, no entanto, que "o Governo, este ou qualquer outro que venha a tomar uma decisão dessa natureza, conhece a importância do 'hub' em Lisboa para não privatizar sem garantias de conservação de um projeto estratégico" que o preserve.
Assim, afirma: "por razões de bom senso, a privatização irá ocorrer protegendo o 'hub'".
Manter o centro de conexão de voos, explica, é importante "para manter a conetividade que temos, porque sem os passageiros de transferência muitas das rotas (...) não seriam sustentáveis."
E alerta: "Não faz sentido que aconteça o mesmo que aconteceu em Madrid, que com um tráfego tão intensivo como tinha para Havana, a certa altura, por força da aquisição da Ibéria pela British Airways, os madrilenos tivessem de passar a ir apanhar a Londres o avião para Havana".
Neste processo, a ANA tem "a especial responsabilidade de olhar para o futuro e de tomar a tempo e horas as medidas necessárias em relação ao aeroporto da Portela que possam garantir uma operação eficiente do 'hub'", sublinhou.
"Não faria sentido que o Governo estivesse com todos os cuidados a fazer a privatização da TAP para proteger o funcionamento do 'hub' e a conetividade que o cidadão português hoje tem e nós não geríssemos o aeroporto de forma a garantir esse funcionamento eficaz do 'hub'", realça o gestor.
Quanto a uma possibilidade da ANA poder vir a fazer parte de algum consórcio concorrente à privatização da TAP, Ponce de Leão diz que "não há qualquer interesse (...) até porque há conflito de interesses".
"Todas as companhias aéreas são nossas clientes. E a ANA é a concessionária de um serviço público português e acima de tudo tem de ter em conta o interesse do país no seu todo. E na proteção dos interesses que lhe compete salvaguardar está a proteção do 'hub' da TAP".
E acrescenta "quando estamos a congelar as taxas de passageiros de transferência, porque Madrid está a dar descontos de 20%, para nos tornarmos competitivos com Madrid, não estamos a proteger a TAP, como diz o senhor da Ryanair, estamos a proteger o 'hub'. Quando estamos a não fazer crescer as taxas dos aviões de maior dimensão estamos a proteger a capacidade. E não a TAP."
"Claro que a TAP acaba por ser protegida, mas também a da Turkish Airline, ou da Emirates ou a United, todas as operações com aviões de grande dimensão resultam, por esse facto, protegidas. Estamos é a proteger a operação intercontinental de Lisboa.".
Assim, conclui Ponce de Leão, "não posso falar pelos acionistas, mas acho que o acionista não equaciona nem minimamente essa hipótese" de concorrer à privatização da TAP.
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