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"Entristeceu-me não poder fazer mais por investidores do BES"

Carlos Tavares, preside a CMVM, o órgão responsável por supervisionar o mercado de capitais, há nove anos. Em tom de balanço, diz sentir-se ?frustrado? por ver a confiança no mercado a cair e, sobre o BES, garante que fez o que estava ao seu alcance dada a informação que lhe era passada, pelo que lamenta não ter conseguido ajudar mais os investidores do banco.

"Entristeceu-me não poder fazer mais por investidores do BES"
Notícias ao Minuto

08:39 - 24/10/14 por Notícias Ao Minuto

Economia Carlos Tavares

Carlos Tavares é presidente da Comissão de Mercado e Valores Mobiliários há nove anos, mas nunca se ouviu tanto falar no seu nome. O BES, fê-lo passar para a linha da frente das notícias. Numa entrevista ao Diário Económico desta sexta-feira, o supervisor do mercado de capitais lamenta não ter podido fazer mais pelos investidores do banco, chegando mesmo a afirmar que muitas vezes se entende mal o papel dos acionistas, a força motriz do mercado de capitais.

“Quando se fala em acionistas, ou pessoas que têm produtos financeiros, que não sejam estritamente depósitos, há tendência para considerar que são especuladores ou pessoas de muitas posses. Não são. Em muitos casos não são. O BES tinha muitos pequenos acionistas que compraram ações, ou obrigações, legitimamente, pela confiança que tinham”, refere Carlos Tavares.

Para o supervisor é um risco ‘ignorar’ o efeito que o colapso do BES teve na vida de pequenos investidores e diz que “não pode considerar-se que todos os que compraram ações, muitos de boa-fé e com base nas informações que lhes deram, cometeram um pecado”, explica, até porque os investidores são o que faz movimentar o mercado.

“Devo dizer que, neste caso, me entristeceu bastante não poder fazer mais do que aquilo que fiz para proteger os investidores. (…) Compreendo que de facto alguns pequenos investidores, vendo as suas poupanças em risco, estejam zangados. Penso que é perfeitamente legítimo”, atira.

Para Tavares, o grande custo que isto pode representar, além dos encargos que eventualmente possam cair sobre os contribuintes, é a quebra da confiança no mercado. “Muitas vezes fala-se do custo para os contribuintes, mas o custo que está aqui em causa é para o país se não houver forma de tratar bem os investidores. É o dano, em termos de confiança, no mercado de capitais”, atira.

Por isso, lamenta que “ao fim de nove anos de trabalho aqui na CMVM, acabo com a frustração de ver que o mercado de capitais está com menos confiança e pior do que quando cheguei”, e ‘reclama’, nesse sentido, por mais poderes.

“[Gostaria], por exemplo, de atuar sobre a idoneidade dos gestores de empresas cotadas, incluindo as não financeiras. Ou que a lei penalizasse mais fortemente os supervisionados que mentem aos supervisores”, explica, deixando depois uma crítica à forma de operar das empresas.

“Penso que haveria muito a fazer. Mas, em muitos casos, as coisas não se resolvem por leis ou regulamentos. Nada há que resista à falta de ética ou de valores nas instituições financeiras ou nas empresas cotadas, em geral”, concluiu.

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