O economista Ferreira do Amaral apresentou com Francisco Louçã, ex-líder do Bloco de Esquerda, o livro ‘A solução novo escudo’, onde se defende uma possível saída do euro para fortalecer a economia portuguesa. Focando-se sobre o período logo a seguir à saída da moeda única, Ferreira do Amaral explica que o essencial será assegurar crescimento económico, até porque isso restabeleceria a credibilidade do país.
“A nossa credibilidade depende da potencialidade de crescimento económico que tivermos”, referiu o economista, acrescentando que, após a saída, esta decisão – saída do euro – teria impacto, sendo que “um ano ou um ano e meio e penso que a desvalorização começa a ter efeitos políticos”.
Aqui, defende o economista que Portugal precisa que sejam feitos investimentos “em nova capacidade produtiva”, até porque acredita Amaral que “Portugal até poderia ser um caso sério de crescimento económico da União Europeia se tivesse esta ajuda cambial – desvalorização da moeda face ao preço do euro. Podia ser um verdadeiro tigre da Europa como foi a Irlanda”, refere, lembrando a política de desvalorização monetária seguida pelo Governo de Dublin antes da entrada na UE.
Neste ponto, questionado sobre uma possível penalização relativamente às exportações após a saída da zona euro, lembra o economista que Portugal se manteria integrado na comunidade europeia, podendo seguir um rumo semelhante ao do Reino Unido e Dinamarca e, pegando neste tema, questiona os pressupostos da economia de mercado.
“O que não acho que seja exequível é haver liberdade de comércio com fixação da taxa de câmbio. Isso é contrário à economia de mercado, aliás, acho muito interessante ver os defensores da economia de mercado a defenderem o euro. É a maior distorção que se pode pôr a uma economia de mercado e ao comércio livre”, refere.
Por fim, como que sumariando o porquê de considerar este o caminho mais certo para Portugal em termos económicos, João Ferreira do Amaral lembra os custos da integração da economia lusa na zona euro.
“A desvalorização de que precisamos agora é compensar a valorização que tivemos desde o início da caminhada para o euro. A partir daí preferia tomar como referência da taxa câmbio de uma moeda mais fraca do que o euro, eventualmente o dólar ou outra qualquer”, concluiu.