A dívida portuguesa é um dos temas centrais da atualidade e assim o permanecerá. João Cravinho descreve, em entrevista ao Público, que o caso português é “realmente singular”, uma vez que “este relativo controlo sobre a dívida está completamente apagado da consciência dos portugueses”.
Quando questionado sobre a reestruturação da dívida, o antigo dirigente ‘rosa’ garante que nem o Banco de Portugal, nem mesmo “o staff do departamento de investigação do FMI”, consegue fazer previsões nominais para avaliar as soluções que iriam reestruturar a dívida. Para João Cravinho esses “voos de imaginação”, como os chamou, nada mais são do que seguir opiniões: “Mas o que é que o governador do Banco de Portugal vai fazer, se não ser arrebanhado pela opinião do BCE e, porventura, de mais quatro ou cinco bancos centrais que fazem opinião?”
João Cravinho é defensor de uma reestruturação responsável da dívida e quanto a isso atira que “por boas ou más razões, o povo português foi, de certo modo, carregado por um certo número de compromissos tomados quem tinha ou julgava ter autoridade para o fazer. Simplesmente assim não podemos pagar”.
A chave para a restruturação da dívida, garante o ex-governante, está tem três países: a França, a Espanha e a Itália. A estes, junta-se ainda a Alemanha que acredita que vai “ao empurrão”, contudo, prevê que a reestruturação na Europa ainda possa demorar.
“A reestrutura não é um problema de se saber se irá ser feita. O problema é saber quando e como será feita, porque há várias modalidades possíveis. O quando não está muito afastado. Temos todas as condições para dentro de três ou quatro anos estarmos numa situação aflitiva”, atira, justificando que “a persistir este pensamento mágico de que basta escrever num papel que tudo se vai resolver amanhã e agora apertar-se mais um bocadinho, chegamos a 2017 ou 2018 ao limite máximo que é possível suportar”.