"A estratégia nacional de luta contra a pobreza adotada em 2012 e que faz parte de um dos compromissos que assumimos com os nossos parceiros internacionais, estabelece que, para se combater a pobreza em São Tomé e Príncipe e promover o crescimento inclusivo, a economia são-tomense deve crescer no mínimo 6%", disse Maria do Carmo Silveira, em entrevista à Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe.
"Ora, nós estamos há cerca de três anos consecutivos a crescer abaixo desse mínimo que é necessário para que possa haver desenvolvimento", acrescentou Maria do Carmo Silveira, referindo que duvida das estimativas de crescimento do PIB para este ano do BM e do FMI.
"Quando olhamos um pouco para a nossa economia, notamos que estamos num contexto de arrefecimento económico e pode ver-se facilmente, quer através de crédito à economia, quer através das importações, que tudo leva a crer que chegaremos ao fim do ano com um nível que tivemos no ano passado que é de 4%", considerou Maria do Carmo Silveira.
A governadora do banco central disse ainda ser necessário adotar "um conjunto de condições para que a economia são-tomense se coloque no rumo do crescimento".
"Só a estabilidade política não é suficiente, tem que haver algumas medidas, quer em termos de incentivos fiscais, de apoio direto ao empresariado nacional", disse, considerando o setor privado são-tomense "embrionário, descapitalizado" e que "é preciso apoiar".
"Eu acredito que nesta fase é extremamente importante que o Estado, o governo apoie os privados, quer para organizar as suas empresas, quer para formar o empreendedorismo, quer em apoios de linhas de crédito, ou criando instituições de financiamento que possam apoiá-los", disse a governadora do Banco Central.
A responsável reconheceu que os bancos comerciais que operam no país não têm condições financeiras sólidas para conceder empréstimos de reembolso a longo prazo às empresas ou empreendedores, daí a necessidade de envolvimento do Estado.
"Existem atualmente em São Tomé e Príncipe oito bancos comerciais. Um deles, o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP), detém 70 por cento do mercado e outros sete lutam pela partilha dos outros 30%. O nosso mercado, em termos de rentabilidade do setor financeiro, é pouco atrativo", disse.
"Os bancos comerciais pela sua natureza, pelos recursos que captam, não são instituições que possam promover um financiamento de longo prazo. É necessário que surjam no mercado financeiro são-tomense instituições mais viradas para isso", defendeu a governadora.