A agência de rating DBRS, de origem canadiana, é a única agência, além da Standards & Poors, Fitch e Moody's considerada pelo BCE, que certifica, neste momento, a dívida portuguesa num nível superior a lixo, algo necessário caso Portugal opte por uma ‘saída limpa’, sem um programa cautelar. Contudo, a DBRS considera ser mais proveitoso para a economia lusa que esta se mantenha "sob assistência financeira", assegurando um financiamento a juros mais baixos.
Relembre-se que, caso o Executivo português, opte por sair do programa de auxílio externo sem um programa cautelar, o BCE exige o rating mínimo de BBB - só atribuído pela agência canadiana - para permitir aos bancos portugueses poderem continuar a obter financiamento junto desta entidade, algo que, desde o início do programa de assistência financeira, é permitido livremente pelos responsáveis europeus.
Em declarações ao Público, Carla Clifton, analista desta agência, com a responsabilidade de monitorizar a situação económica e financeira portuguesas, declara-se satisfeita com os progressos verificados nos últimos anos. “Registamos os desenvolvimentos muito positivos a nível macroeconómico, nomeadamente os resultados conseguidos na balança comercial”, refere Clifton.
Porém, esta analista tem algumas dúvidas relativamente aos sinais positivos dados pela economia portuguese e é ainda mais prudente relativamente ao futuro: “É preciso confirmar a capacidade de Portugal crescer a médio prazo. A atual recuperação tem uma componente cíclica forte e temos de ver se a melhoria é também de carácter estrutural, bem como se as reformas implementadas estão, de facto, a tornar o país mais competitivo”, acrescenta.
Relativamente ao cenário de uma saída limpa, esta analista é perentória: “Na nossa opinião, mesmo num cenário de melhoria acentuada das condições de mercado para a dívida pública portuguesa, uma linha de crédito cautelar tem a vantagem de garantir taxas de juro razoáveis durante o seu período de duração”, conclui.