Se em fevereiro de 2011 o desemprego em Portugal rondava os 12,3%, em janeiro deste ano fixou-se nos 15,3%. Estamos pior. Se em 2011 existiam 617 mil desempregados, agora são mais de 810 mil. Estamos pior. Se em 2010 a dívida rondava os 93,4%, no final do ano passado estava nos 129%. Estamos pior. Se em 2011 as exportações apresentavam uma taxa de 21,1%, no ano passado mal passavam dos 4%. Estamos pior.
Contudo, se em 2011 a taxa de poupança das famílias era de 9,7%, no ano seguinte já estava nos 12,2%. Estamos melhor. Se o PIB no primeiro-trimestre de 2011 rondava os -0,6%, no final do ano passado estava nos 1,6%. Estamos melhor. Se em 2010 os juros a dez anos estavam a 14,06%, ontem estavam nos 4,8%. Estamos melhor. Se as taxas de juro do crédito à habitação estavam, em 2011, nos 3,34%, em 2013 fixaram-se nos 2,96%. Estamos melhor.
A balança da consequência da austeridade continua oscilante mas embora os sinais positivos sejam cada vez mais frequentes, o ceticismo e o medo de ‘escorregadelas’ continua a preocupar economistas, antigos ministros e representantes de trabalhadores. Ouvidos pelo Diário de Notícias (DN), estes entendidos refutam o otimismo de Pedro Passos Coelho e defendem mesmo que o país encontra-se pior do que em 2011, data em que a troika aterrou por cá pela primeira vez.
Miguel Beleza acredita que existem portugueses a viver melhor, mas alerta que continuam a ser mais aqueles que passam dificuldades. Esta ideia é também defendida por José Silva Lopes que se mostra preocupado com o facto de “a grande maioria da população estar pior”.
“Há um poucochinho mais de emprego, mas não serve para deitar grandes foguetes”, ressalva.
O economista da CGTP, Eugénio Rosa, não se mostra reticente em contrariar Passos Coelho e dizer que “estamos muito pior”, uma vez que, defende, o ajustamento dos escalões do IRS “foi feito de forma muito desigual acabando por atingir com mais força os rendimentos mais baixos”.
Silva Lopes atira que “as projeções mostram” a necessidade em “reduzir muito mais o défice” e acredita que existem “duas maneiras para o fazer: ou pelos impostos ou pela despesa”, contudo, não deixa de destacar que a promessa de redução de impostos não passa de “uma arma eleitoralista”.