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UE não deve esperar mudanças de fundo de eleições na Alemanha

A Europa e os países “periféricos”, como Portugal, não devem esperar mudanças profundas na política europeia de Berlim após as eleições alemãs, embora sejam previsíveis progressos nalguns domínios, disse à Lusa o novo chefe-executivo do Centro de Política Europeia.

UE não deve esperar mudanças de fundo de eleições na Alemanha
Notícias ao Minuto

11:35 - 15/09/13 por Lusa

Economia Análise

Em entrevista à Agência Lusa, Fabian Zuleeg, recentemente nomeado chefe-executivo do EPC (European Policy Center), um dos mais prestigiados "think tanks" (grupos de reflexão) com sede em Bruxelas sobre assuntos europeus, considerou que, independentemente do desfecho das eleições, a Alemanha manterá certamente a sua linha tradicional de que “os países têm de manter as suas finanças em ordem”, embora seja de esperar “um maior equilíbrio” entre a defesa da consolidação orçamental e a promoção de políticas de apoio ao crescimento.

Segundo o analista, no atual sistema da UE, onde os governos dos Estados-membros (Conselho) continuam a ser decisivos, quaisquer eleições nacionais são importantes, e ainda mais decisivas são se tiverem lugar num Estado-membro com tanta influência como a Alemanha, a maior economia europeia, e ainda para mais num contexto de crise.

“Embora a Alemanha não decida sozinha, certamente que nenhuma solução pode ir para a frente sem a Alemanha”, comentou, sublinhando que, por isso, naturalmente que as políticas de Berlim são “decisivas” e é legítimo dizer que “todo o sistema está à espera” das eleições.

Segundo Zuleeg, as eleições na Alemanha têm tido um “impacto de adiamento” em algumas decisões a nível da UE, pelo que “é expectável que haja progressos em algumas questões sensíveis que têm sido adiadas de forma deliberada para depois das eleições”, mas, atendendo também ao facto de todas as sondagens apontarem para a reeleição da chanceler Angela Merkel, não se pode esperar muito mais que isso.

“Poder-se-á esperar uma direção completamente diferente na política europeia do governo alemão? Isso é altamente improvável”, diz o chefe-executivo do Centro de Política Europeia, acrescentando que, por outro lado, há também que reconhecer que já houve uma “certa diferença na retórica” de Berlim, pois “já não há só um foco na consolidação orçamental, mas também se fala em medidas que impulsionem o crescimento”, tendo a Alemanha desempenhado por exemplo um papel determinante no apoio ao combate ao desemprego jovem.

Na mesma ordem de ideias, Fabian Zuleeg considerou que os países sob programa, como Portugal, não devem esperar grandes mudanças a nível de orientação política europeia em função das eleições de 22 de setembro na Alemanha, pois Berlim continuará sempre a exigir contas públicas sãs, insistindo todavia que já há uma noção generalizada de que essa “receita” por si só não chega.

“A grande questão é se os programas de austeridade e reforma são métodos sustentáveis a longo prazo para tirar os países da crise, e acho que, na melhor das hipóteses, esta é apenas uma parte da resposta. A outra parte é investimento, por empresas domésticas e também europeias”, disse, manifestando-se convicto de que, neste ponto, “deve ser feito mais ao nível europeu para ajudar países como Portugal”.

De acordo com o analista, a Europa deve “providenciar formas para a economia portuguesa poder novamente crescer de forma sustentável”, até porque há que aproveitar o ‘momentum’, referindo-se aos “últimos dados do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal, que foram bastante positivos”.

A concluir, Zuleeg enfatizou que, sendo certo que ainda levará algum tempo até os cidadãos sentirem os efeitos das reformas levadas a cabo, há algo que a Europa pode e deve mostrar desde já aos portugueses: “confiança”, traduzida em investimentos.

“Há algo que pode fazer a diferença: confiança no futuro. A situação material pode não mudar muito depressa, mas faz uma grande diferença para as pessoas se estas acreditarem que daqui por um ou dois anos a situação vai melhorar. Sem essa esperança, uma economia continua a descer, e essa é uma questão-chave que se pode fazer ao nível europeu: podemos mostrar que o resto da Europa acredita que estes países (sob programa) têm um futuro, e se o resto da Europa mostrar essa confiança e puser dinheiro atrás desse apoio, o processo de retoma poderá iniciar-se de forma apropriada”, afirmou.

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