"Portugal está a entrar num beco" cuja saída é "aumentar impostos"
O professor e especialista em políticas públicas, Paulo Trigo Pereira, conversou com o Jornal de Negócios, na passada sexta-feira, sobre a actual situação económica do País, salientando que “Portugal está a entrar num beco sem saída”, cujas alternativas são apenas “reduzir os juros, as prestações sociais e as despesas com saúde” ou “aumentar os impostos”. Neste sentido, revela ter dúvidas de que o Orçamento do Estado do próximo ano consiga “acomodar a reforma do IRC”.
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Economia Paulo Trigo Pereira
Confessando que está “muito pessimista sobre a capacidade de redução de despesa, dado o acórdão [do Tribunal Constitucional] sobre o Orçamento do Estado de 2013”, o professor do ISEG, Paulo Trigo Pereira, diz hoje, numa entrevista publicada no Jornal de Negócios, que não vê “solução para o Orçamento de 2014 que não passe pelo aumento de impostos”.
Na opinião deste especialista em políticas públicas, era previsível que a mobilidade não fosse “aprovada” pelos juízes do Palácio Ratton e não vê como “poderão passar” os cortes na Caixa Geral de Aposentações”. Paulo Trigo Pereira considera que só o aumento para “40 horas” na Função Pública poderá passar no crivo dos juízes do Constitucional.
Por tudo isto, defende que “as alternativas são reduzir os juros, as prestações sociais e as despesas com saúde; ou aumentar os impostos. Não há mais alternativas”. Além disso, salienta o professor, “Portugal ainda tem uma carga fiscal abaixo da média da União Europeia”.
Apesar de admitir que não é “desejável”, Paulo Trigo Pereira alerta que “estamos a entrar num beco sem saída” e que os “instrumentos que o País tem à disposição para resolver a crise são cada vez menos”, pelo que, conclui, “não se pode excluir um aumento de impostos”.
Nesta entrevista ao Jornal de Negócios, o professor do ISEG vai ainda mais longe, afirmando que o Governo “não tem capacidade de acomodar o impacto orçamental que se estima em cerca de 400 milhões de euros” com a reforma do IRC. Prevendo, por isso, que seja “muito difícil” a integração desta medida no Orçamento do Estado para o próximo ano.
Paulo Trigo Pereira afirma ainda que o plano de corte na despesa de 4,7 mil milhões de euros “não faz sentido e não é exequível”, além de considerar que “a ligeira retoma” registada nos últimos meses representa “crescimentos fraquíssimos”.
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