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Pessoa "observaria um grande silêncio no momento actual"

O ensaísta Eduardo Lourenço afirmou, a propósito dos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa, que o poeta “observaria um grande silêncio no momento atual”.

Pessoa "observaria um grande silêncio no momento actual"
Notícias ao Minuto

17:25 - 11/06/13 por Lusa

Cultura Eduardo Lourenço

Fernando Pessoa “foi um sonhador de utopias e, neste momento, o nosso horizonte utópico está entre parêntesis", disse o ensaísta português. "Provavelmente, ele observaria um grande silêncio, neste momento que o país atravessa”, acrescentou.

Especialista de Pessoa, Eduardo Lourenço afirmou à Lusa que o autor de “Mensagem” era “um profeta à sua maneira, e não jogava em conjeturas políticas no sentido imediato”.

“O que ele sonhava para este país, pela história que tinha e o que ele representava, era uma espécie de país crístico, mas à maneira dele e nem tanto de [Padre António] Vieira, ele era muito mais utópico”, afirmou.

Lourenço argumentou que, segundo Fernando Pessoa, “Portugal devia ser no futuro aquilo que tinha sido no passado - deixar uma marca indelével, como o feito extraordinário que a gente fez, de ter chegado à Índia”.

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888. Além de escrever em português, por ter vivido muitos anos na África do Sul, escreveu poesia em inglês e traduziu para esta língua autores como António Botto e José de Almada Negreiros.

Em Lisboa, onde regressou em 1905, escreveu em jornais e revistas como A Águia e Orpheu, trabalhou em várias firmas, graças aos seus conhecimentos de inglês e de francês, e chegou a montar uma tipografia na Baixa.

À Lusa, outro especialista de Pessoa, Richard Zenith, salientou que “Pessoa não estava na sua toca, lia os vários jornais e era muito atento ao que o rodeava”.

Todavia, “era um reservado e gostava de aparecer, através da palavra escrita, mas não era pessoa para liderar uma marcha ou dirigir-se a uma assembleia, tinha um feitio tímido”.

O autor publicou poucos textos em vida, tendo a maior parte da sua obra sido publicada na segunda metade do século XX, e atualmente, continuam a surgir inéditos.

“Mensagem”, poema publicado em 1934, concorreu ao prémio de Poesia do Secretariado de Propaganda Nacional, tendo sido eliminado, não pela falta de qualidade, mas por não cumprir, conforme o regulamento, o número mínimo de páginas aceitável, como afirma nas suas memórias a poetisa Fernanda de Castro, que foi um dos membros do júri.

O autor, além de produzir poesia, que assinava com seu nome, criou vários heterónimos, nomeadamente Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Bernardo Soares, entre outros, que produziram variada poesia e prosa.

“Pessoa, a única coisa que requer é ser lido, pede para ser lido, e ele ensina quem o lê, a lê-lo como deve ser”, defendeu Eduardo Lourenço.

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