Leitura partilhada de 'Húmus' de Raul Brandão e Herberto Helder no Porto
O Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, vai assinalar o Dia Mundial do Livro, que se assinala no próximo domingo, com sessões de leitura partilhada de obras dos escritores Herberto Helder e Raul Brandão.
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Cultura Dia do Livro
O TNSJ propõe uma leitura partilhada de 'Húmus' de Herberto Helder, bem como de excertos da obra homónima e original de Raul Brandão, que terá lugar a partir das 14:30 no Teatro Carlos Alberto (TeCA).
Esta iniciativa antecipa a última récita de E-nxada, espetáculo em cena no TeCA, que remete para a ruralidade, a sua desconstrução e imaginário sob um ponto de vista urbano e contemporâneo, explica o TNSJ, em comunicado.
As leituras visam explorar "a relação dualista destes autores presentes no Plano Nacional de Leitura", e serão partilhadas por Ana Mafalda Pereira, Nuno M. Cardoso e Rita Pinheiro.
'Húmus', considerada por muitos críticos a obra-prima de Raul Brandão, foi escrito durante a primeira Grande Guerra e foi publicado pela primeira vez no ano da Revolução Russa (1917).
Trata-se de um romance-monólogo, centrado em dois monólogos interiores, entre o narrador, sem nome, e o seu alter-ego, um filósofo lunático chamado 'Gabiru', em que ambos registam a vida de uma pequena vila, ao longo de um ano, explorando a contradição entre o mundo aparente e o autêntico.
Esta obra tem originado diversas interpretações por parte da crítica literária, que tanto a enquadra no Simbolismo como no Expressionismo, e tem despertado a admiração de vários escritores portugueses, entre os quais Herberto Helder, que, em 1967, escreveu o poema-montagem 'Húmus', uma reescrita do romance homónimo de Raul Brandão, com recurso apenas a palavras retiradas do original.
Quanto à E-nxada, trata-se de uma investigação artística, dirigida a todos os públicos, sobre os dualismos rural/urbano e passado/presente, que reflete o que fomos e o que somos, que conta com direção artística e conceção plástica de Vasco Gomes e Julieta Guimarães.
O conceito do espetáculo parte da ferramenta ancestral -- a enxada, enquanto o símbolo de trabalho primário -- e junta objetos do nosso eletrónico quotidiano, num contraponto irónico, explica o TNSJ.
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