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Diferentes facetas do azulejo debatidas em Aveiro

A leitura de fachadas de azulejo pela matemática, mas também por ciências sociais, permitindo, pelos padrões, distinguir zonas abastadas, a recuperação, e novos módulos cerâmicos no revestimento, foram "Facetas do Azulejo" hoje debatidas em Aveiro.

Diferentes facetas do azulejo debatidas em Aveiro
Notícias ao Minuto

23:20 - 04/05/16 por Lusa

Cultura Arte

A conferência, integrada na edição 2016 do SOS Azulejo, organizado pela Universidade de Aveiro e Fábrica Ciência Viva, em parceria com a Câmara de Aveiro, juntou numa conversa informal um painel de oradores de diferentes áreas e suscitou vivo debate com o público, moderado por Ana Velos.

Da origem hispano-árabe ao novo módulo cerâmico que reveste o Terminal de Leixões houve uma evolução muito significativa nas técnicas de produção, sendo que a Matemática está sempre presente, ainda que as pessoas não tenham essa noção.

Andreia Hall, da Universidade de Aveiro, explicou que "há poucas figuras planas regulares que sirvam o azulejo" (apenas triângulos, quadrados ou hexágonos), tendo-se chegado no século XX à conclusão de que apenas existem 17 padrões possíveis.

Muito antes disso foi feito o Palácio de Alhambra onde estão presentes esses 17 padrões, cinco dos quais numa base de triângulos equiláteros, destacou a docente, considerando-o uma obra "fantástica".

Deixando o ângulo da Matemática, o arquiteto Luís Pedro Silva justificou a escolha pelo módulo cerâmico para revestir o novo Terminal de Leixões, pela durabilidade do material, mas também pela relação com a luz, em que definiu uma regra "para que não se sentisse regra nenhuma".

É que, explicou, as 900 mil peças que foram aplicadas têm uma aresta mais saliente do que a outra e na aplicação foi evitado aplicar duas arestas salientes lado a lado, para criar uma sensação imprevisível. O resultado é que "os passageiros tocam no revestimento que apela a uma relação sensorial".

A subjetividade está também presente noutra arte, a do restauro, como se percebeu pela intervenção de Susana Laínho que esteve na recuperação dos azulejos da Capela das Almas no Porto e naquela cidade está a trabalhar na recuperação dos painéis de Júlio Resende nas torres da Pasteleira.

Procurando "respeitar o que está" e que a intervenção possa ser reversível, a preocupação está em encontrar materiais estáveis, compatíveis com o original e que permitam a recuperação cromática quando é feito um restauro.

Além do estado de conservação das fachadas, os azulejos podem "dizer muito" sobre as diferenças sociais e regionais, como explicaram Teresa Oliveira e Sónia Martins da "Mapping Our Tiles" que estudam a distribuição espacial do azulejo pelo país e no mapeamento a que procedem identificam padrões dominantes em determinadas regiões e mesmo quais os que correspondem a zonas mais abastadas.

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