Artistas moçambicanos mostram "malabarismo contemporâneo" em Paris
O espetáculo 'Maputo-Mozambique', com seis jovens artistas moçambicanos, vai ser exibido no museu Quai Branly, em Paris, de 18 a 21 de fevereiro, apresentando um "malabarismo mesmo contemporâneo", de acordo com o artista Valdovino de Sousa.
© Lusa
Cultura Quai Branly
"É um malabarismo mesmo contemporâneo. Fazemos um malabarismo musical com tambores, mas usamos também sacos de plástico e o rombo que é um instrumento tradicional. Sempre que damos o espetáculo, o público vê uma coisa diferente e fica sempre pasmado. Gostam muito, gostam imenso", disse à Lusa o malabarista originário da Beira, em Moçambique.
Valdovino de Sousa, de 29 anos, é um dos seis moçambicanos que compõem a equipa da peça 'Maputo-Mozambique', que associa o trabalho do malabarista, músico e encenador Thomas Guérineau às práticas artísticas e ritos tradicionais de Moçambique, resultando num universo que cruza malabarismo, dança e música.
"O espetáculo consiste no malabarismo musical, ou seja, a escrita e os sons compõem-se com os corpos e os objetos em movimento. É uma criação musical em direto e completamente acústica. Por exemplo, há malabaristas que trabalham com sacos de plástico e que usam a sonoridade percussiva que os sacos produzem, improvisando, ao mesmo tempo, percussões vocais ou cantos", descreveu à Lusa Thomas Guérineau.
O francês, de 43 anos e malabarista há cerca de 30, iniciou o projeto em 2011 quando foi convidado pelo Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo, para "dar um atelier de malabarismo a jovens artistas", findo o qual foi solicitado para "profissionalizar os malabaristas".
"O que mais me agradou foi a ideia de levar o malabarismo - com muito pouca história em Moçambique - e ver no que dava. Em dois anos e meio fui entre sete a dez vezes a Moçambique, de cada vez eram entre três a cinco semanas. Era professor e ao mesmo tempo aproveitei para trabalhar numa nova criação", continuou.
'Maputo-Mozambique' foi apresentado em França em dezembro de 2013, tendo sido, desde então, representado mais de 70 vezes, a maioria das quais em França, mas também em vários países africanos, incluindo Moçambique.
Em julho deste ano, a "moçambicanidade" do espetáculo vai fazer parte de um evento paralelo do prestigiado Festival de Teatro de Avignon, o Festival de Villeneuve En Seine, havendo, também, um "grande desejo" de o levar a Portugal.
"O espetáculo tem uma grande moçambicanidade com percussões vocais e cantos em línguas tradicionais. Eu também trabalho muito a improvisação e o resultado é qualquer coisa que o público vê como muito africana, com uma grande generosidade e uma presença humana muito calorosa", concluiu o encenador.
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