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Em 'Black Mass', Johnny Depp é mau mas mau. E é mesmo muito bom

“Queres bater-me? Vamos, dá-me, mas é bom que seja o teu melhor murro. Porque se me levanto, como-te vivo”. Eis James ‘Whitey’ Bulger, uma lenda do mundo do crime, de acordo com Johnny Depp. ‘Black Mass - Jogo Sujo’ estreia a 8 de outubro nos cinemas portugueses.

Em 'Black Mass', Johnny Depp é mau mas mau. E é mesmo muito bom
Notícias ao Minuto

16:20 - 25/09/15 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Cinema

A premissa já deixa água na boca. ‘Black Mass – Jogo Sujo’ é um livro que nasce do trabalho de investigação de dois jornalistas – Dick Lehr e Gerard O ‘Neill –, inicialmente publicado em 2000, e que foi bestseller do The New York Times e do Boston Globe durante 48 semanas consecutivas.

À moda de ‘A Sangue Frio’, de Truman Capote, a obra retrata acontecimentos reais, mais concretamente a história de James ‘Whitey’ Bulger, interpretado por Johnny Depp, que, entre os anos 70 e 80, foi líder da máfia irlandesa em Boston.

Scott Cooper (‘Out Of The Furnace’, 2013) ficou com a pasta da realização e cola numa tela sombria, no sul de Boston, a forma como Bulger passa de um criminoso de segunda categoria a pivot de uma organização criminosa – o gangue de Winter Hill.

As ramificações desta subida no submundo do crime são completadas com o irmão de Bulger, ‘Billy’, interpretado por Benedict Cumberbatch, um senador em ascensão, e ‘John Connoly’, um agente do FBI encarnado por Joel Edgerton. ‘Connoly’ é um amigo de infância de Bulger e dá-lhe proteção a troco de informação, uma relação que culmina numa das páginas mais negras da história daquela força de segurança.

Johnny Depp em modo calmo, apresenta um terror latente

A comparação com ‘Goodfellas’ (1990) é inevitável, mas pouco correta. A única coisa que estes dois filmes partilham (além do tema) é o ambiente de cortar à faca, entrecortado com cenas de humor tenso, daquele tipo que acontece mais por medo do que por graça. A violência está presente, conceda-se, mas aqui com muito menos gula e com outro propósito.

Esse propósito é o de desenhar a incrível ambiguidade do carácter de Bulger, aqui fielmente interpretado por Depp. Tanto assim é que, um dos contemporâneos de ‘Whitey’ indicou que teve que ver o filme por partes, tal a semelhança entre o ator e o seu amigo.

Num minuto a ajudar uma velhinha com as compras, no outro a esmurrar um homem até cair inanimado. Num minuto a falar de tempero de bifes, no outro a questionar a lealdade de forma ameaçadora. Assim é o Bulger de Johnny Depp, uma frieza controlada, a espaços de compaixão e fúria, deixando sempre latente a possibilidade de um surto de raiva, mas tranquilamente.

Uma interpretação fulgurante de Depp, finalmente brilhante dentro das linhas, deixando momentaneamente de lado o folclore interpretativo de que tanto gosta. Já o tínhamos visto neste registo antes – ‘Donnie Brasco’ (1997) – mas não com este domínio absoluto sobre o espetador.

O quadro é terminado com secundários de luxo, como Kevin Bacon (‘Mystic River’, 2003), a interpretar um agente do FBI, ou o incrível Peter Sarsgaard (‘Flightplan’, 2005), numa rendição pequenas mas impressionante de um drogado paranoico e cobarde.

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