O circuito de Vila Real vai ser o palco entre sexta-feira e domingo para sete corridas automóveis, com destaque para uma ronda do Mundial de Carros de Turismo (WTCC), organizada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

A internacionalização do evento ocorre 84 anos depois das primeiras corridas, que tiveram como principal impulsionador Aureliano Barrigas.

E desde 1931 foram muitos os pilotos que aceleraram pelo circuito urbano da cidade transmontana.

Entre eles destaca-se Manoel de Oliveira, que faleceu este ano, e correu ao volante de um BMW em 1936, antes de se tornar num dos maiores cineastas portugueses de sempre.

"Vamos aproveitar esta prova para lhe fazer uma homenagem pelo facto de aqui ter corrido e daqui ter partido para o mundo e ter referenciado sempre o circuito de Vila Real como uma das melhores memórias e maiores alegrias que teve", afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.

O autarca salientou que será "relembrada a participação de Manoel de Oliveira neste mítico circuito, o primeiro circuito urbano de Portugal.

O realizador dedicou-se ao automobilismo ao mesmo tempo que acompanhava o seu irmão Casimiro Oliveira, que iniciou a sua carreira precisamente em Vila Real em 1934.

O carro com que o cineasta correu na altura deverá estar em Vila Real durante o fim de semana, para poder ser visto pelos aficionados pelas corridas.

A história do circuito cruza-se com muitas outras histórias de vida e de paixão pelas corridas.

O ano da prova maior foi em 1958, que contou com a participação do piloto britânico Stirling Moss, por aqui passou ainda a primeira mulher que correu em Fórmula Um, Maria Teresa Filippis, e o portuense Carlos Gaspar que detém o recorde da volta mais rápida do antigo circuito transmontano, conseguido em 1973.

O destaque vai também para o piloto local Manuel Fernandes, que venceu neste circuito citadino e é considerado um "ícone de Vila Real".

As primeiras corridas, que decorreram em 1931, marcaram a estreia, em Portugal, de um circuito de velocidade.

Na altura, para ajudar à concretização do evento foi criado na cidade um 'imposto' de quatro tostões cobrado por cada quilo de carne, ao qual a população aderiu. Mais tarde essa taxa passou para o vinho.

O circuito original tinha mais de sete quilómetros, tendo sido cortado para 4,6 quilómetros.

Durante várias décadas, milhares de pessoas visitavam anualmente Vila Real para assistir às corridas de automóveis, que se tornaram um dos "maiores eventos de Trás-os-Montes e Alto Douro" até terminarem em 1991, depois da sucessão de vários acidentes graves.

O anterior executivo de Manuel Martins (PSD) retomou o circuito em 2007, com uma pista mais reduzida, mas o evento só se realizou até 2010 e, agora, de novo em 2014 pela iniciativa da equipa do autarca Rui Santos.

A organização do evento envolve a autarquia local, o Clube Automóvel de Vila Real e a Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real.