Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 24º

Cortejo com 1.700 crianças abre Festa dos Tabuleiros em Tomar

Mil e setecentas crianças desfilaram hoje pelas ruas de Tomar, numa "antecipação em miniatura" do Cortejo dos Tabuleiros agendado para o próximo domingo, ponto alto de uma festa que se realiza de quatro em quatro anos na cidade.

Cortejo com 1.700 crianças abre Festa dos Tabuleiros em Tomar
Notícias ao Minuto

14:40 - 05/07/15 por Lusa

Cultura Santarém

Para Francisca, sete anos, foi a primeira vez que teve que equilibrar à cabeça o tabuleiro -- uma cesta de verga com seis canas onde estão espetados cinco pãezinhos, as flores que fizeram na escola e a pomba do espírito santo em latão -, mas não foi a primeira vez que participou no cortejo.

Há quatro anos desfilou com uma cesta florida na mão, como acontece agora com as meninas que frequentam o pré-escolar.

Ao seu lado desfila José Maria, com 10 anos, que vive em Queijas (Oeiras), mas não se importa de acompanhar a prima pela segunda vez.

"A turma [do 2.º ano da EB1 de Santo António] tem 19 meninas e sete rapazes, por isso temos que ir buscar alguns 'emprestados'", disse à Lusa Lisete Conceição, a professora que nasceu em Angola e veio parar a Tomar há 35 anos, depois de, num trabalho da licenciatura tirada em Coimbra, ter escrito o livro ‘Pelo Caminho dos Tabuleiros’, que ajuda agora as escolas a trabalharem o tema.

"Trabalhamos a festa nas disciplinas de História, Matemática Português, mas temos também workshops para a montagem dos tabuleiros, onde fazemos as flores e latoaria para as coroas. E decorámos as montras de quatro lojas", afirmou

Com apenas 28 crianças no cortejo -- "é a escola mais pequena da cidade" -, Lisete Conceição sublinhou o papel do ‘Cortejo dos Rapazes’, em tudo semelhante ao dos adultos - com as meninas trajadas de branco e fita da cor predominante do tabuleiro e os rapazes de camisa branca com gravata da cor da fita e calça, barrete e cinta preta, os "aguadeiros", os "fogueteiros" e as bandas de música - na passagem de uma tradição que, sublinha, se enquadra no conceito de património imaterial da humanidade.

Sentado na sua cadeira de rodas, Manuel Bonet, agora com 80 anos, observa a bênção dos tabuleiros das crianças na Praça da República.

Em 1991 era ele o mordomo da festa e, instigado por duas professoras, foi ele o responsável pela introdução das crianças numa festa com origem pagã (simbolizando a época das colheitas) que adquiriu caráter religioso na Idade Média, com a Rainha Santa Isabel.

"Foi preciso vencer muitas resistências, sobretudo da igreja", disse à Lusa.

A introdução do Cortejo dos Rapazes "abriu novos horizontes à festa. Agora participam pessoas de todas as famílias. Já não são só pessoas do campo. Abriu-se a outras classes sociais e aumentou o entusiasmo pela festa", afirmou.

O atual mordomo, João Victal, concorda.

O ‘Cortejo dos Rapazes’ tem servido de "viveiro" para rejuvenescer e manter a festa viva, fazendo dela uma manifestação de "grande juventude e grande alegria", disse à Lusa, realçando o facto de a comissão da festa fazerem parte elementos que participaram no desfile de 1991.

Sendo o ‘Cortejo dos Rapazes’ para crianças dos quatro aos 11 anos e o dos adultos para os que têm mais de 18 anos, os jovens dos 12 aos 17 anos são chamados a participar nos preparativos, nomeadamente na confeção das flores.

A festa começa a ser preparada um ano antes, com a decisão da sua realização a ser tomada pelo povo, em assembleia convocada pela presidente da Câmara, como é tradição, seguida da eleição do mordomo.

Na quinta-feira, serão inauguradas, às 20:00, as ruas ornamentadas, seguindo-se, na sexta-feira ao final da tarde, o cortejo do mordomo e no sábado cortejos parciais de tabuleiros durante a manhã, estando o cortejo principal, este ano com 682 tabuleiros, marcado para a tarde de domingo.

A festa termina na segunda-feira, dia 13, com a distribuição do bodo - oferta de carne, pão e vinho a pessoas previamente identificadas.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório