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Torre onde viveu António Nobre é agora museu sobre o Fado de Coimbra

Amuletos de Carlos Paredes ou a letra original de uma canção de Zeca Afonso podem observar-se no Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra, a inaugurar no sábado naquela cidade e que ocupa a antiga casa de António Nobre.

Torre onde viveu António Nobre é agora museu sobre o Fado de Coimbra
Notícias ao Minuto

00:00 - 04/07/15 por Lusa

Cultura Poeta

Nos quatro pisos deste núcleo museológico, outrora a Torre de Anto e que é inaugurado no Dia da Cidade, os visitantes poderão descobrir os vários momentos da Canção de Coimbra, com a ajuda de ecrãs táteis e audioguias, e contemplar objetos e manuscritos relacionados com o fado da cidade dos estudantes.

Os pisos dividem-se em épocas: no segundo, fala-se do final do século XIX até ao início do século XX, o terceiro é reservado à chamada "geração de oiro" dos anos 1920 a 1950 e o quarto destina-se à ligação entre a Canção de Coimbra e a música de intervenção. O primeiro piso é genérico e recebe ainda um mini-auditório.

A Torre de Anto foi a casa do poeta António Nobre em Coimbra, no final do século XIX, tendo o autor da obra "Só" deixado o poema "Fado D'Anto", que muitos anos mais tarde viria a ser interpretado por Zeca Afonso, músico que agora se encontra com o escritor nesta casa.

Dentro do espaço que era parte integrante da muralha medieval da cidade, encontra-se a guitarra de Artur Paredes, que mais tarde viria a ser utilizada pelo seu filho, Carlos, do qual também estão presentes alguns pertences, como os seus amuletos, um cão e um carneiro em porcelana, que usava nas atuações, ou o transístor que o acompanhava.

Pode-se também ler a referência de José Régio a Artur Paredes, que, "vibrando os dedos em garra, despedaçava a guitarra", ou a Edmundo Bettencourt, com os seus "gritos de cristal e de oiro".

Há também uma carta de Zeca Afonso ao jornalista Rocha Pato, uma viola toeira, uma guitarra de António Portugal e um poema do cantor Edmundo Bettencourt, conhecido pela composição "Saudades de Coimbra", sendo que também estará presente a letra original de Manuel Alegre da "Trova do vento que passa".

Este projeto "é acalentado em Coimbra há muitos anos", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, sublinhando que o núcleo é um "espaço identitário" onde se dão a conhecer "aspetos que fazem parte do património cultural de Coimbra", aqui integrados no seu "património histórico e arquitetónico".

O núcleo museológico, que contou com a colaboração de especialistas de história da arte, arquitetura e museologia, é também uma "homenagem" aos estudantes e não estudantes, homens e mulheres, que cantam e cantaram Fado de Coimbra, frisa o autarca.

Para Manuel Machado, esta é uma iniciativa "com projeção para o futuro", englobando novas tecnologias, como os ecrãs táteis ou os audioguias, que, por enquanto, apenas estão em português, mas que se espera que estejam disponíveis em inglês até ao final de julho.

Apesar de a torre ser um "espaço pequenino", salienta que "é muito grande do ponto de vista simbólico e da sua mensagem", com o destaque a uma "marca forte da cidade" - a Canção de Coimbra.

A musealização do espaço custou 140 mil euros (85% comparticipado por fundos comunitários) e a reabilitação da Torre cerca de 200 mil euros (com 60% do investimento comparticipado).

A abertura ao público decorre no sábado, às 18:30, e a entrada, por enquanto, será gratuita.

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