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Gulbenkian leva mostra de fotografia brasileira de Lisboa a Paris

A Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, com a exposição "Modernidades: Fotografia Brasileira (1940-1964)", resgata a obra de um fotógrafo francês "quase perfeitamente desconhecido" no seu país de origem, Marcel Gautherot, disse à Lusa um dos comissários da exposição.

Gulbenkian leva mostra de fotografia brasileira de Lisboa a Paris
Notícias ao Minuto

22:45 - 06/05/15 por Lusa

Cultura Fundação

"Essa é a surpresa mais à medida do público parisiense. Marcel Gautherot é um grande fotógrafo francês, quase perfeitamente desconhecido em França. Saiu [da capital francesa] em 1939, para fazer uma viagem de seis meses ao Brasil e, [por causa] da guerra, acabou ficando 56 anos", explicou Samuel Titan Jr., comissário da mostra.

A exposição vai estar patente até 26 de julho, na delegação francesa da Fundação Gulbenkian, depois da presença na sede, em Lisboa, durante cerca de dois meses, até ao passado 19 de abril. Seguirá, depois, para o Círculo de Bellas Artes de Madrid, entre "fim de setembro, início de outubro, até janeiro", antes da exposição no Instituto Moreira Salles, que detém os acervos, em abril do próximo ano.

A mostra, que também já esteve no Museu da Fotografia de Berlim, entre 2013 e 2014, atravessa duas décadas e meia de transformação social e desenvolvimento do Brasil, dos primeiros anos da II Guerra Mundial às vésperas da ditadura, em 1964, através do trabalho de quatro nomes da fotografia moderna do país: Marcel Gautherot, José Medeiros, Thomaz Farkas e Hans Gunter Flieg.

O comissário Samuel Titan Jr. destaca o facto de a exposição ser "profundamente internacional" porque, dos quatro nomes escolhidos para representar a emergência da fotografia moderna no país, "apenas um nasceu no Brasil e três são de origem europeia", em referência ao brasileiro José Medeiros (1921-1990), ao francês Marcel Gautherot (1910-1996), ao húngaro Thomaz Farkas (1924-2011) e ao alemão Hans Gunter Flieg (1923).

"Gautherot é, de certa forma, o centro da exposição, porque tenta fazer a síntese entre a tradição e o modernismo, e também uma síntese estética, histórica e política do trabalho dos outros fotógrafos", descreveu o comissário durante a visita de imprensa à exposição, acrescentando à Lusa que "a obra dele é um verdadeiro encontro de civilizações, da francesa e da brasileira, pelas lentes de uma 'Rolleiflex'".

Sendo "alguém bastante desconhecido em França", a Maison Européenne de la Photographie vai fazer uma primeira retrospetiva de Marcel Gautherot em junho de 2016, acrescentou o também coordenador cultural do Instituto Moreira Salles, cuja coleção conta com 25 mil imagens do fotógrafo francês.

Gautherot, Medeiros, Farkas e Flieg protagonizaram a formação da fotografia moderna no Brasil, nas duas décadas anteriores à instauração da ditadura militar, retratando o país daquela época: dos edifícios modernos da nova capital Brasília às igrejas barrocas de Minas Gerais, das tribos indígenas do Mato Grosso e do Pará, à "utopia industrial" de São Paulo e do Rio de Janeiro.

"O fio condutor [da exposição] é a entrada de um país - que vivia ainda no século XIX - em plena história do século XX. Ou seja, é um país que, ao mesmo tempo, se vê às voltas com a modernização da vida política, a urbanização crescente, a industrialização, a imigração, a guerra, os meios de comunicação de massa. É o momento em que o Brasil se descobre à luz da modernidade", acrescentou o comissário.

A exposição enquadra-se na programação do cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian de Paris que, este ano, conta ainda com a mostra "A Sul de Hoje. La création contemporaine au Portugal" e, em 2016, contempla a retrospetiva da obra de Amadeo de Souza-Cardoso, no Grand Palais, uma exposição sobre os últimos 50 anos da Arquitetura Portuguesa, na Cité de l'Architecture et du Patrimoine, e uma mostra do artista contemporâneo português Julião Sarmento na Gulbenkian de Paris.

A Delegação em França da Fundação Gulbenkian completou, a 03 de maio, 50 anos de atividade.

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