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Percurso de portugueses no Estado Islâmico traçado em livro

O percurso dos cidadãos portugueses que aderiram ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) e as origens desta organização 'jihadista' são histórias compiladas em livro pelo jornalista Nuno Tiago Pinto, a partir dos seus trabalhos de investigação.

Percurso de portugueses no Estado Islâmico traçado em livro
Notícias ao Minuto

10:24 - 06/05/15 por Lusa

Cultura Jihad

"Comecei a pensar escrever o livro pouco tempo após começar a trabalhar no assunto para a revista Sábado. Havia uma grande falta de informação em torno deste tema, quem eram, onde apareceram, as origens do grupo Estado Islâmico (EI), o enquadramento histórico", disse em declarações à Lusa.

Nas quase 300 páginas de 'Os Combatentes Portugueses do Estado Islâmico. Quem são, o que querem e no que acreditam', Nuno Tiago Pinto focaliza-se no percurso dos portugueses, em particular do designado "grupo de Londres", mas traça também um enquadramento histórico sobre as origens, estrutura, líderes, organização, financiamento e máquina de propaganda do EI.

A parte final do livro transcreve os contactos que estabeleceu com uma boa parte dos combatentes portugueses do EI, através do Facebook, Twitter ou de aplicações informáticas que permitiram o contacto pela Internet. Colocou centenas de perguntas, para tentar perceber os motivos que os levaram a viajar para a Síria ou Iraque. Uns não responderam, mas alguns aceitaram falar. "Todos, sem exceção, acreditam que estão a lutar pela verdade e pela justiça".

A tentativa de perceber as origens da investigação portuguesa, o momento em que a Polícia Judiciária (PJ) e o Serviço de Informações de Segurança (SIS) souberam a existência de portugueses na Síria e no Iraque, constitui outro aspeto particular deste trabalho, sublinha ainda o autor, subeditor da secção Portugal da revista Sábado.

"Deparei-me com uma história muito interessante, do fotojornalista John Cantlie. A existência de cidadãos portugueses na Síria foi divulgada publicamente no relatório anual de segurança interna em 2014, relativo a 2013. Mas as primeiras informações chegaram à PJ na segunda metade de 2012", indica.

Foi o rapto do fotojornalista britânico, e as suas posteriores declarações às autoridades policiais quando regressou a Londres, que permitiu à investigação identificar os cidadãos de origem portuguesa envolvidos com o grupo 'jihadista' na Síria e no Iraque. Alguns nascidos em África, outros em Portugal.

"É um trabalho que não está completo. Acabei de escrever o livro no final de março e desde então e até agora haveria muita informação que poderia acrescentar, não apenas sobre o EI, sobre os próprios portugueses, poderia ter mais um capítulo com outro português... Como digo na nota prévia, é um comboio em movimento", indica o jornalista, também autor do livro 'Dias de Coragem e de Amizade -- Angola, Guiné. Moçambique: 50 histórias de guerra colonial', editado em 2011.

"Mas pelo andar da carruagem, acho muito difícil que este comboio seja travado. É um conflito, uma guerra que dura há décadas e com raízes históricas que muitas vezes parece que não são compreendidas", sublinha.

O objetivo primário do livro propõe assim entender as origens, as causas deste fenómeno, "o que leva jovens ocidentais aparentemente integrados a irem combater em nome de um Deus para a Síria e Iraque". Para depois, "e a partir daí tentar responder ao problema".

Com a chancela da Esfera dos Livros, 'Os Combatentes Portugueses do Estado Islâmico. Quem são, o que querem e no que acreditam' é apresentado na quinta-feira por Vasco Rato, presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

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