Coro da Gulbenkian em homenagem a genocídio arménio
O Coro Gulbenkian participa hoje, em Paris, num concerto dedicado aos cem anos de memória do genocídio arménio, cerimónia que conta com uma orquestra criada especificamente para a ocasião.
© Global Imagens
Cultura Paris
A Armenian World Orchestra é composta por músicos arménios vindos de todo o mundo e terá a participação de três elementos da Orquestra Gulbenkian - Samuel Barsegian, Varoujan Bartikian e Levon Mouradian -, foi hoje anunciado.
De acordo com um comunicado da Fundação Gulbenkian, a orquestra será dirigida por Alain Altinoglu, maestro francês de ascendência arménia que dirigiu "O Martírio de São Sebastião", de Claude Debussy, em Lisboa, na temporada 2012/2013 da Gulbenkian Música.
A cerimónia de Paris inclui obras de dois compositores emblemáticos da música arménia - Komitas ("Miniatures") e Aram Khatchatourian ("Mascarade") - e ainda, em estreia mundial, "Ciel à vif", Triplo concerto para piano, violino e violoncelo, coro e orquestra, de Michel Petrossian, jovem compositor francês de origem arménia.
O administrador da Fundação Calouste Gulbenkian Martin Essayan, sobrinho bisneto do fundador da instituição, Calouste Sarkis Gulbenkian, assiste ao concerto, que tem o patrocínio do Presidente da República Francesa, François Hollande. Calouste Sakis Gulbenkian era um cidadão de origem arménia, tendo nascido em Uskudar, no atual território turco, em 1869.
O povo arménio foi massacrado há cem anos pelas forças turcas. O Governo turco disse na segunda-feira partilhar o sofrimento arménio e apresentou condolências aos descendentes das vítimas.
Para os arménios, o dia 24 de abril de 1915 marca o início de detenções e deportações maciças, que terão custado a vida a um milhão e meio de pessoas, no âmbito de uma campanha de eliminação sistemática levada a cabo pelo então império Otomano (império turco).
A Turquia recusa categoricamente o termo "genocídio", reconhecido por muitos países. Ancara fala antes em "massacres mútuos", nos últimos anos de um império em vias de desagregação.
Na última semana, a Turquia reagiu com indignação a declarações do papa Francisco, que falou pela primeira vez do "genocídio" dos arménios, e do Parlamento Europeu, que pediu ao Governo turco que reconhecesse o genocídio, para abrir caminho "a uma verdadeira reconciliação" entre os dois povos.
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