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Estudo sobre a estagnação de leitores das Bibliotecas Públicas

O diretor-geral do Livro, das Bibliotecas e Arquivos, José Manuel Cortês, recomendou hoje a realização de um estudo dos não-leitores das Bibliotecas Públicas, pelo facto de estas registarem uma "estagnação de frequentadores".

Estudo sobre a estagnação de leitores das Bibliotecas Públicas
Notícias ao Minuto

20:15 - 17/04/15 por Lusa

Cultura José Manuel Cortês

José Manuel Cortês falava no último painel do colóquio "O lugar da Cultura -- Modelos e Desafios", no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura, que teve início na passada quarta-feira e que hoje foi dedicada a políticas setoriais no setor.

Segundo o responsável, que citou dados de 2013, cerca de 14% da população de cada um dos concelhos está inscrita numa biblioteca pública e, do total de inscritos, apenas 4,7% são frequentadores.

"É necessário fazer um estudo sociológico, para saber por que são tão poucos os utilizadores" das bibliotecas públicas.

Cortês sublinhou que estes números "estão longe do que é aceitável para uma rede" da envergadura da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) que, no continente, integra, atualmente, 204 bibliotecas municipais.

O responsável referiu ainda que, em Portugal, esta rede dispõe de menos de um livro por habitante, abaixo da média fixada pela UNESCO, que é de dois a três livros por habitante.

Quanto ao futuro, Cortês defendeu o fortalecimento de bibliotecas itinerantes e a criação de redes intermunicipais de serviços de leitura pública.

O trabalho em rede foi um dos "pontos fortes" que o responsável defendeu, quer na maior oferta de serviços e livros, quer no aumento de investimento.

Segundo Cortês, atualmente há um investimento na leitura pública de 15 cêntimos por habitante, quando há seis anos era de 38 cêntimos.

Estas preocupações foram também partilhadas por Maria Inês Cordeiro, diretora da Biblioteca Nacional de Portugal, que falando na mesma sessão afirmou: "Não sabemos qual vai ser, no futuro, o investimento, nas bibliotecas".

Para esta responsável as biblioteca pública estão "num ponto de viragem, mas resta saber para onde".

À Lusa, Cortês afirmou que se vive "uma mudança de paradigma" das práticas de leitura pública, mas tem "uma certeza, que é necessário avançar a criação das redes de comunidades intermunicipais, dadas as dificuldades de investimento quer da parte do Estado, quer das autarquias, e por outro lado é uma forma de otimizar os recursos".

Segundo avançou na sessão, "as autarquias disponibilizam, em média, menos de um milhão de euros em investimento nas bibliotecas".

José Manuel Cortês defendeu ainda que um novo programa, a ser estabelecido através de protocolos entre os Estado e as autarquias, deve ter em conta as novas tecnologias.

Hoje, na presença do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, foi entregue o Prémio de Boas Práticas em Bibliotecas Públicas, no valor de 4.500 euros para investimentos em serviços bibliotecários, à Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), pelo projeto Rede de Bibliotecas da CIRA, que compreende as bibliotecas municipais de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos.

Barreto Xavier defendeu o reforço da dinâmica comunitária da leitura pública, e anunciou que autorizou a aquisição de licenças para a leitura digital, como "meio relevante para o trabalho de leitura pública".

No próximo ano, a difusão de licenças públicas de acesso digital, será uma das apostas da RNBP, disse o secretário de Estado.

O governante salientou as dificuldades na promoção da leitura pelos constrangimentos do investimento do Estado e das autarquias, assim pela mudança dos hábitos de leitura, e considerou as redes de bibliotecas como "um dos caminhos a seguir" e "uma dinâmica a reforçar".

"Temos de apostar na leitura, que é uma forma essencial de fazer chegar a cultura às pessoas, e é uma forma essencial de construção da democracia. As bibliotecas públicas são lugares da democracia", afirmou o secretário de Estado, que as considerou "essenciais para o contexto democrático".

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