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Nova peça de Francisco Luís Parreira estreia quinta-feira

A peça "Três parábolas da possessão", de Francisco Luís Parreira, que quinta-feira se estreia no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, tem "um encanto e uma comoção que são desafiantes", disse à Lusa o encenador.

Nova peça de Francisco Luís Parreira estreia quinta-feira
Notícias ao Minuto

17:35 - 31/03/15 por Lusa

Cultura Teatro

O encenador João Garcia Miguel, que volta a dirigir um texto de Francisco Luís Parreira, depois de "Lilith", levado à cena em 2012, realçou "a dimensão poética e a enorme capacidade" do dramaturgo em "usar a linguagem com uma grande interioridade e até novidade naquilo que é o tratamento da língua", "daquilo que é a nossa sonoridade", "que são as nossas visões interiores".

A peça inspira-se no caso de Shadi Masoul, um palestiniano de 12 anos que, armado com um cinto de explosivos e dirigindo-se a um posto de controlo à entrada de Jerusalém, frustrou, no último momento, as suas intenções suicidas.

O texto acompanha, em paralelo, uma mulher da Judeia, que testemunha um atentado frustrado, e dá à luz nove meses depois, assim como o protagonista desse atentado, na sua captura e posterior regresso a casa.

"Subjacente ao texto está um tema bíblico e há uma outra narrativa sobre um acontecimento real, o que cria uma tensão dramática no texto, muito interessante de explorar", afirmou João Garcia Miguel.

"Outro encanto da escrita do Parreira é agarrar-nos - faz-nos cair para dentro da sua dimensão poética, mas não resolvendo o assunto, deixando apenas pistas; é profundamente performativo, pois envolve o espetador, e leva-o a olhar para si e para o mundo em volta", realçou Garcia Miguel à Lusa.

O elenco - Martinho Silva, Sara Ribeiro, Frederico Barata e Rita Barbita - é uma escolha do encenador, que o considera "interessante pela sua diversidade, mas também [pela] sua conjugação numa dimensão física, relacionando o corpo com as capacidades de representação do texto e outras capacidades histriónicas".

"É um conjunto de atores novos, com capacidades já demonstradas, extremamente físico e muito dotado do ponto de vista corporal. Os atores são muito expressivos fisicamente", disse o encenador que já trabalhou com alguns deles.

Para esta peça, que estará em cena na sala estúdio do Nacional D.ª Maria, a partir de quinta-feira, até 26 de abril, o trabalho dos atores "incide muito sobre a ideia do corpo e o inconsciente, e o inconsciente enquanto material que permita aceder a essa dimensão religiosa, e a essa outra dimensão mística que o corpo transporta consigo".

O encenador realçou a importância da música, interpretada ao vivo por Patrícia Relvas (voz e percussão) e Roberto Afonso (voz e viola baixo), pois "há uma rítmica e uma melódica com que se trabalha o texto".

Em comunicado, o dramaturgo afirma que "o texto transpõe o tema bíblico e tradicional da Natividade, da Paixão e da Redenção do Filho, para o território e a atualidade agora vocacionados --- o do conflito israelo-palestiniano".

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