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'Os donos angolanos de Portugal' pode chegar em documentário

Os autores do livro "Os donos angolanos de Portugal" estão a preparar um filme sobre a investigação publicada em 2013, tendo lançado uma campanha de financiamento ("crowdfunding") através das redes sociais, disse à Lusa um dos autores do trabalho.

'Os donos angolanos de Portugal' pode chegar em documentário
Notícias ao Minuto

16:16 - 28/03/15 por Lusa

Cultura Investigação

"O filme divulgará a lista dos ex-governantes portugueses com lugares nas administrações de empresas que realizaram investimentos ou parcerias em setores estratégicos das duas economias", lê-se no texto da campanha lançada através das redes sociais esta semana, através do link que exibe o trailer do documentário (https://filmedap.wordpress.com/ )

"Neste momento divulgou-se o 'trailer' que dá uma ideia do que o filme poderá vir a ser, para procurar envolver o próprio público que ajudará na elaboração e na divulgação do trabalho através de donativos em troca de pequenas contrapartidas simbólicas como o livro e o DVD", explicou à Lusa Jorge Costa, um dos autores do livro, assinado também por Francisco Louçã e João Teixeira Lopes.

De acordo com os autores, "ao esclarecer o papel do capital angolano, o filme faz o inventário dos grandes articuladores desta relação pelo lado angolano: Isabel dos Santos, Manuel Vicente, António Mosquito, João Leitão e o general Kopelipa".

O documentário já começou a ser rodado pela mesma equipa que realizou o filme "Donos de Portugal", em 2012.

"Já foram feitas, nomeadamente, uma entrevista com um ex-primeiro-ministro angolano, Marcolino Moco, com o jornalista Nicolau Santos, uma das vozes independentes do jornalismo português que se tem pronunciado sobre a influência do capital angolano na imprensa em Portugal e, portanto, esse trabalho de desenvolvimento do filme já está em andamento", disse à Lusa o investigador Jorge Costa.

O livro "Os donos angolanos de Portuga" contava a forma como o poder político e os responsáveis governamentais, ao longo dos últimos anos, foram intervenientes ativos e "como muitos" acabaram em lugares nos conselhos de administração de empresas angolanas.

"Essa história e essa presença foi o que procuramos contar de uma forma sintética e acessível. A influência deste poder político e deste círculo capitalista angolano nas empresas portuguesas. Foi esse o centro do livro e o que hoje estamos a fazer é a recolha, a divulgação e o início de uma campanha de 'crowdfunding' - uma campanha de financiamento, de recolha de fundos para a realização de um documentário sobre este mesmo tema e com base no mesmo estudo", acrescentou.

Entretanto, o filme prevê incluir dados novos e informações recentes, como as propostas de fusão do BES, o caso da PT e o envolvimento da empresária Isabel dos Santos, filha do chefe de Estado angolano, e que são elementos novos que surgiram já depois de o livro ter sido publicado.

Segundo Jorge Costa, o "grande dado novo" foi o caso BESA que se tornou num facto "muitíssimo" relevante para a atualidade portuguesa porque, afirmou, foi central no colapso do Banco Espírito Santo, tornando-se num exemplo "muito forte e muito eloquente da promiscuidade que existiu ao longo de muitos anos" sobre o centro do poder em Portugal e o Presidente da República de Angola.

Para Jorge Costa, trata-se sobretudo da forma como Portugal dispensou o controlo de mecanismos que são essenciais para a autodeterminação do país e que são "estratégicos do ponto de vista da soberania económica" como o sistema bancário que fica vulnerabilizado -- "como se constatou no caso do BES" atingido pelo peso do capital privado pelo poder político de um país terceiro.

Além do BESA, os autores apontam também os casos da GALP e da ZON e a situação que se verifica na comunicação social portuguesa "em grande parte dominada por capitais angolanos".

"Esta alienação de recursos essenciais de soberania económica e, nomeadamente, no caso de Angola de um grupo que está diretamente vinculado ao poder político deve suscitar uma preocupação muito grande na cidadania portuguesa. Portugal, até por causa das circunstâncias da crise, tem necessidade de poder controlar elementos económicos da vida do país como são as telecomunicações, a energia, e o sistema bancário", sublinha Jorge Costa.

O filme que já está a ser rodado deve ficar concluído até ao final do ano.

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