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Rui Massena define 1.º álbum como "disco de tranquilidade"

O maestro Rui Massena afirmou à Lusa que o seu primeiro álbum, em que interpreta composições da sua autoria, ao piano, é "um disco de tranquilidade", que constituiu um desafio e o obrigou a isolar-se, para compor.

Rui Massena define 1.º álbum como "disco de tranquilidade"
Notícias ao Minuto

09:18 - 31/01/15 por Lusa

Cultura Projeto

O álbum, intitulado "Solo", é editado na segunda-feira, e o maestro, que se apresenta ao piano, projeta uma digressão nacional, com passagem pelo Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no dia 16 de abril, e pela Casa da Música, no Porto, no dia seguinte.

Hoje apresenta o CD em Alfandega da Fé, a vila trasmontana que escolheu para se "recolher e compor".

"Fiz uma escolha racional. Dediquei 2013 à composição. Achei que tinha de me isolar. Escolhi Alfandega da Fé, porque gosto das gentes, da paisagem, do silêncio que aquilo, na minha cabeça, representa", afirmou à Lusa Rui Massena, que acrescentou: "Tinha duas hipóteses: ou saía do país e escolhia uma cidade qualquer, ou isolava-me em Alfandega da Fé, que tem algo de místico, até no próprio nome, e que me inspirou".

O álbum é constituído por 15 canções, todas compostas e tocadas por Massena ao piano, com a exceção de "Para ti", em que conta com a participação do violinista Gaspar Santos.

À Lusa, Massena explicou que este tema, que "representa uma personagem que partiu", re refere a uma pessoa que lhe "faz falta". "O tema representa a partida, uma dor que fica e que quis representar como uma personagem, com o violino", explicou.

Questionado pela escolha de se apresentar a solo, o músico afirmou: "Eu escolhi um disco a solo, porque precisava deste contraste, depois de tantos anos ligados a instituições, precisava de me reconhecer ao piano e, nas minhas composições, achei que era a altura de me pôr o maior desafio possível, que é um músico estar sozinho num palco".

O músico reconheceu que, ao piano, "não quis ainda acrescentar aquilo que seria natural que acrescentasse", mas que virá "a acrescentar em futuros trabalhos de composição", disse.

Rui Massena, de 42 anos, afirmou que sempre teve "esta vontade de compor". "Esta vontade de compor existia há muito, mas a vida conduziu-me para ser um intérprete enquanto maestro. Mas vivi sempre com esta vontade de compor, e dediquei o ano de 2013 à composição".

O músico afirmou que tinha material que foi compondo, "mas que não faz sentido à luz" daquilo que quer para si, como compositor. Daí a tarefa de reclusão a que se impôs, pois, como disse à Lusa, tinha de "reequacionar" a sua identidade e "dar às pessoas uma coisa minimamente amadurecida".

Quanto a influências, o músico apontou, "desde logo, as da música clássica, mas também as de compositores que condensaram a sua linguagem só ao piano, como Bernardo Sassetti, Mário Laginha, Brad Mehldau, Nils Frahm, Wim Mertens, Chilly Gonzales, Yann Tiersen e Hiromi Uehara".

Massena, que foi maestro titular da Orquestra Clássica da Madeira e dirigiu o New England Symphonie Ensemble, no Carnegie Hall, em Nova Iorque, afirmou que procurou que "o ambiente final do disco fosse de grande tranquilidade, independentemente de todo o desassossego que ele contém, e da grande inquietação que há nele".

O pianista e compositor, natural do Porto, salientou o seu empenho na versão física do CD, como forma de o público ter acesso aos seus pensamentos sobre cada uma das canções, pois entende que "isso vá ajudar a ouvir".

"É a minha versão sobre o que sinto, e deixo ali algumas pistas, independentemente do que o ouvinte pensar", disse.

Por exemplo, sobre a canção que abre o CD, "Fé", Massena escreve: "Foi composta na minha residência artística em Alfandega da Fé, em janeiro de 2014. Tem a calma da paisagem. Tem a ideia, também calma, de um começo. Como se a Fé, o acreditar tivesse de ser calmo. Tivesse tempo próprio".

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