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Juliette Greco termina carreira com digressão em abril

Juliette Greco, ícone da canção francesa e musa do existencialismo, de 87 anos, anunciou hoje que abandonará os palcos após uma última digressão em abril, noticiou o diário Le Figaro.

Juliette Greco termina carreira com digressão em abril
Notícias ao Minuto

22:03 - 30/01/15 por Lusa

Cultura Música

"É muito duro, é muito complicado para mim, é muito doloroso: é preciso saber sair em beleza", disse à estação televisiva RTL a intérprete de "Déshabillez-moi", uma das suas mais célebres canções.

"O que me impeliu [a tomar esta decisão] é que o tempo passa e vou iniciar a minha última digressão", acrescentou, emocionada, em declarações por telefone a partir da sua residência, em Ramatuelle.

Embora admitindo que quando está em palco nunca se sente cansada, explicou: "Vou fazer 88 anos daqui a dez dias e não quero dar a imagem de uma velha mulher que se agarra ao passado, não quero ter vergonha, ir demasiado longe".

A digressão de despedida de Greco, intitulada 'Merci', inicia-se a 24 de abril no festival de música Printemps de Bourges, onde ela não atua desde 2007.

No final dos anos 1940, Raymond Queneau e Jean-Paul Sartre assinaram os primeiros êxitos de Juliette Greco no cabaret Le Tabou: 'Si tu t'imagines' e 'La Rue des Blancs-Manteaux'.

Ela cantou também Pierre Desnos, Jacques Prévert, Bertolt Brecht, Boris Vian, Françoise Sagan, Charles Aznavour, Léo Ferré, Guy Béart, Serge Gainsbourg e Georges Brassens.

Depois de passar por outros cabarets míticos, como La Rose Rouge e Le Bouef sur le Toit, veio a consagração no Olympia, em 1954, e depois em Nova Iorque. Juliette Greco tornou-se então um símbolo da 'Chanson Française' em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, o seu companheiro, o produtor norte-americano Darryl Zanuck, conseguiu-lhe papéis nos filmes 'Bonjour Tristesse' (1958), de Otto Preminger, 'Raízes do Céu' (1958), de John Huston, e 'Drama no Espelho' (1960), de Richard Fleischer.

Regressada a Parus, dedica-se à música: a canção 'Déshabillez-moi', um dos seus maiores êxitos, foi gravada em 1968.

Celebrizada pela sua interpretação de Belfegor em 1965, na série televisiva epónima, a cantora da Rive Gauche estreou-se no teatro em 1945, em 'Victor ou les enfants du pouvoir', e no cinema em 1949, em "Orphée", de Jean Cocteau.

Nascida a 07 de fevereiro de 1927 em Montpellier, foi educada desde muito pequena pelos avós maternos, em Bordéus, após a separação dos pais.

Na sua autobiografia publicada em 1983, 'Jujube', diminutivo de infância, Greco conta como, após a detenção da mãe, que pertencia à resistência, ela foi encarcerada durante dez dias em Fresnes, em 1943, com a irmã mais velha, Charlotte. A mãe e a irmã foram deportadas para o campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha, mas sobreviveram.

Esse drama marcou-a e fez dela uma mulher livre e politicamente empenhada que, em 1981, num espetáculo no Chile, perante notáveis do regime ditatorial de Pinochet, apenas interpretou canções proibidas. No final do concerto, foi escoltada para o aeroporto por militares.

A glória nunca a abandonou e, em 2004, um ano depois do seu álbum "Aimez-vous les uns les autres" e 50 anos após o primeiro concerto, regressou ao Olympia.

Em julho de 2005, foi convidada de honra do festival Francofolies de La Rochelle e, em fevereiro de 2007, pelo seu 80.º aniversário, reencontrou o seu público no Théâtre du Châtelet, em Paris. Em agosto de 2013, aos 86 anos, cantou também no Festival de Ramatuelle.

Em Portugal, atuou por duas vezes, em 2001 e 2008, ambas no Centro Cultural de Belém (CCB), e em 2013, voltou a Lisboa, no dia em que completava 86 anos, não para cantar, mas para ser homenageada no Instituto Franco-Portugais, por ocasião do lançamento da coleção Chanson Française, editada pelo diário Público com selo da Levoir e da Le Chant du Monde.

Nos últimos anos, Greco gravou discos com as novas gerações de autores, como Miossec, Benjamin Biolay, Olivia Ruiz e Abd Al Malik.

Após uma longa relação com o trompetista do jazz Miles Davis, casou-se com o comediante Philippe Lemaire (em 1953), pai da sua filha Laurence-Marie, e com Michel Piccoli (em 1966), de quem se divorciaria em 1977. Em 1988, voltou a casar-se com o antigo pianista de Jacques Brel, Gérard Jouannest.

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