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O romance que antevê Portugal daqui a sete anos

O escritor André Pinto Bessa afirmou à Lusa que o seu novo romance, ‘Armadilha nos Trópicos’, que é apresentado na quinta-feira, em Lisboa, é uma antevisão de Portugal, em 2021, "ainda sob o efeito de políticas erráticas".

O romance que antevê Portugal daqui a sete anos
Notícias ao Minuto

14:01 - 26/11/14 por Lusa

Cultura André Pinto Bessa

Em declarações à Lusa, o autor afirmou que "o vilão deste romance é a interferência malévola, de determinados agentes dos aparelhos partidários que se infiltram na máquina do Estado, em benefício próprio".

"Esta trama passa-se daqui a sete anos, num Portugal imaginário, mas que eu acho que tem muitas condições, se não se fizer nada, de vir a ser aquele que descrevo. Já ninguém põe em causa que estamos numa crise de regime", afirmou.

Pinto Bessa, economista de formação académica, e atualmente a exercer funções de consultoria, reconheceu que "há uma sátira implícita no livro a determinada maneira de fazer política, a determinados políticos e a um rumo que o país tem vindo a traçar e que não é o que nós gostamos".

"Nós caminhamos para, daqui a sete anos [quando se passa a ação narrativa deste romance], sermos um país estagnado, sem ambição, sem projeto e resignado".

O narrador é também participante, um rapaz chamado Miguel Vieira, que foi definido pelo autor como "uma pessoa média, que tenta viver com essa mediania, acomodando-se o melhor que pode, para não ser mais castigado do que já é".

O autor critica o atual "baixar de braços" dos portugueses e alertou para o facto de que, "se não fizermos nada, a classe média será esmagada, e resignar-nos-emos a tal".

André Pinto Bessa realçou à Lusa o facto de incluir uma nota de autor, na qual afirma o que pensa, contrastando com "a narrativa pela voz do Miguel Vieira é mais comodada, há uma certa sátira, no ridículo das medidas e da acomodação que se exige a uma classe média absolutamente esmagada".

Relativamente a 2021, as projeções do autor para Portugal são as que ficciona em "Armadilha Tropical" e acrescentou: "Se pecar, é por excesso, se não fizermos nada até lá, vamos ser esse país sem projeto, e sem esperança".

Um romance, afirmou Pinto Bessa, é "um retrato da ganância e da corrupção" que traça em Portugal daqui a sete anos, e "propositadamente, em paralelo, com um país inexistente que é o Kolundu", que se situa na costa de África.

Referindo em traços gerais a narrativa, por influência do partido, "o novo ministro dos Negócios Estrangeiros entrega um importante dossier a um elemento muito polémico mas bem relacionado que, com um colega de partido, vai montar uma manobra para controlar valiosas bauxites existentes num pequeno país africano, envolvendo na intriga um general americano e o o presidente da administração de uma empresa fabricante de armamento e fornecedora do Pentágono.

O narrador, por seu turno, vive na rampa inclinada dos "excedentes" da função pública, salvo do "despedimento amigável" que o esperava pelo convite do ministro para chefe de gabinete. A sua mãe, uma professora reformada, vê a pensão reduzida todos os anos e luta para manter o acesso ao Serviço Nacional de Saúde".

"É uma sociedade acomodada vivendo com enormes dificuldades o empobrecimento da classe média e a falência dos serviços públicos, que se apelidaram de 'nova normalidade'".

A obra, editada pela Padrões Culturais, é apresentada pelo presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d'Oliveira Martins (também presidente do Tribunal de Contas), na quinta-feira, às 18:30, na sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, na capital portuguesa.

André Pinto Bessa estreou-se literariamente, sob pseudónimo, em 2007, com ‘Os Bastidores da OPA’, ao qual sucedeu já com o seu nome de registo, ‘Efeito Dominó’, em 2009, e ‘Pacto de Silêncio’, em 2009.

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