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MAU de volta com "fuga para bem longe"

Um chita, resiliente, ou uma impala, insegura, numa história contada a várias camadas, que tem de ser ouvida com o peito. É assim ?Safari Entrepeneur?, o novo álbum dos portugueses MAU. Luís F. de Sousa, vocalista, falou com o Notícias ao Minuto sobre a obra que mais se orgulha de ter criado e explica como as dificuldades podem conduzir à criatividade. O Notícias ao Minuto também esteve na apresentação do disco, em Lisboa, e conta-lhe como foi.

Notícias ao Minuto

11:01 - 21/10/14 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura 'Safari Entrepeneur'

“É uma fuga para bem longe. Uma espécie de parábola, uma ilustração pouco óbvia do que vivemos e com um fundo moral, mas lá bem no fundo mesmo. Mas não é uma viagem solitária, há sempre alguém que nos leva pela mão, um aconchego, um colo, uma espécie de conforto feminino e até materno presente durante todo o disco, que se veste de África e de outros territórios afro-caribenhos”.

É assim que Luís F. de Sousa descreve, ao Notícias ao Minuto, ‘Safari Entrepeneur’, o novo disco dos portugueses MAU. Nuno Lamy, Eliana Fernandes, Carlos Costa e Paulo Silva são os restantes elementos que compõem a banda desde ‘Backseat Love Songs’ (2010), altura em que se deu “uma espécie de reset”, que resultou na nova roupagem artística do grupo.

Este álbum não cabe em definições estanques e, como conta Luís, é um “sonho” criado por instinto. Mas não sem propósito. É um trabalho “com outra maturidade, claro, e sem os mesmos erros que ainda cometemos no [álbum] anterior”, o início desta nova fase.

“Estes últimos 4 anos foram fartos em dificuldades e nós não ficámos imunes a isso. É muito bonito quando a nossa própria criatividade nos surpreende e é extremamente raro quando isso acontece”, explica.

“Mastigámos muito estas músicas, demos-lhes as texturas que queríamos sem nos precipitarmos. Fomos extremamente meticulosos durante todo o processo de criação, gravação, mistura, produção e masterização. O resultado é este, o melhor disco que somos capazes de fazer. A obra que mais nos orgulha ter criado, desprovida de qualquer arrependimento”, afirma o vocalista.

Luís F. de Sousa descreve com entusiamo o feedback positivo que tem recebido até aqui e fala sem pruridos quando adjetiva este novo trabalho. É “efetivamente um bom disco”, esclarece. Sabe que a opinião pode não ser consensual. “Os bons discos raramente o são”, remata.

Lançamento de ‘Safari Entrepeneur’ no Musicbox, em Lisboa

‘Lights Off’ chegou, tímida, para abrir o concerto de quarta-feira passada no Musicbox, em Lisboa, e marcou o início muito ao estilo do próprio álbum: competente, maduro e empenhado. ‘Cheetah’, um dos singles, no vídeo acima, veio pouco depois para aquecer um público acanhado, mas nunca indiferente, a aplaudir com entusiasmo cada investida.

O som libertador de ‘Epic Start’ trouxe, expansivo, a ligação eufórica que não se perdeu mais. Entre canções como ‘Off to Berlin’ e ‘Noir’ e algumas que acabaram por ficar fora do álbum – como ‘Castle’, a passo rápido, ou ‘Warm’, a recuperar fôlego – as inibições ficaram por terra.

O bailado sonoro de ‘Safari Entrepeneur Part 2’ fechou o concerto, mas por pouco tempo. ‘Cold Cheap Leather’ e ‘Children Playing Adults’ seguem-se, duas canções que parecem mostrar, em tons distintos, que os tempos de juventude estão mesmo lá para trás.

Ainda houve tempo para uma revisita a ‘I Need a Priest’ (do álbum 'Man And Unable', 2008), que a banda fez acompanhar por três ex-elementos, um momento de nostalgia, mas sem saudosismos.

Os MAU estão bem onde chegaram - à confirmação definitiva de que a eletrónica é um terreno fértil por explorar em Portugal, onde a banda surge a desbravar caminho.

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