Jornal "à antiga" conduz turistas por percurso da "preguiça"
Um roteiro em forma de jornal como os que existiam antigamente na Figueira da Foz é a proposta da autarquia local para um percurso pela cidade, pontuado por estátuas de Laranjeira Santos sob o tema da preguiça.
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Cultura Figueira da Foz
O roteiro, que recupera a forma e o grafismo de publicações destinadas aos veraneantes, possui oito páginas e apresenta a identificação visual e a descrição das 20 esculturas incluídas no percurso, um mapa da cidade e uma entrevista com o escultor, que concebeu e ofereceu, em 1960, a estátua da Preguiça original à Figueira da Foz.
"É um catálogo diferente, em formato de jornal à antiga portuguesa", disse hoje António Tavares, vereador da autarquia com o pelouro da Cultura.
O roteiro, que será inaugurado no sábado, parte do Museu Municipal Santos Rocha, passa pelo Centro de Artes e Espetáculos, desce ao parque das Abadias e continua pelo Jardim Municipal, na zona ribeirinha, até ao espelho de água em redor do forte de Santa Catarina, onde se situa a Preguiça original, "uma mulher bonita e lânguida, estirada à superfície de um plano de pouca água", escreve, no catálogo, o vereador.
Em declarações à agência Lusa, António Tavares disse que a Figueira da Foz, enquanto cidade turística, "tinha de ter uma preguiça muito própria" e que a escultura de mulher - em cimento e originalmente colocada junto ao antigo lago do Jardim Municipal e, desde o ano passado, na zona do forte de Santa Catarina - "é uma preguiça turística, uma preguiça que faz um apelo ao 'dolce far niente', ao ócio. Aquela é a posição dos banhistas".
O autarca indicou que a ideia do percurso pela escultura de Laranjeira Santos surgiu depois dos serviços de Cultura da Câmara Municipal terem ficado "emocionados" com as peças de grande dimensão em resina e poliuretano, construídas pelo mestre escultor, aliada ao "défice" de arte de rua existente na cidade.
"A Figueira é uma cidade com pouca arte de rua, pouca arte pública. Sendo as esculturas de Laranjeira Santos peças de arte urbana, sobretudo estas, com o défice que a Figueira tem as duas coisas casavam na perfeição", frisou António Tavares.
Por outro lado, o autarca alegou que o parque das Abadias - o corredor verde que atravessa a cidade até perto da zona ribeirinha e que concentra metade das esculturas do roteiro - "é bonito mas é monótono".
"Também convida à preguiça, mas precisávamos de qualquer coisa que pontuasse este verde. E as pessoas têm vindo ver as esculturas e têm preguiçado por cá", declarou.
Onze das 20 esculturas foram colocadas há cerca de três semanas no Parque das Abadias mas, logo na primeira noite, uma delas - em tons de rosa e intitulada "Sublime Tentação" - foi destruída por desconhecidos e uma outra mantém-se no local, mas partida.
A autarquia ambiciona que as peças possam vir, no futuro e em acordo com Laranjeira Santos, a ser substituídas por outras, idênticas mas "em cimento, pedra ou bronze", para ficarem na cidade "e resistirem aos figueirenses", ironizou António Tavares, numa alusão aos atos de vandalismo.
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