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Rui Mourão e a "ocupação artivista" do Museu do Chiado

O artista Rui Mourão incitou hoje os convidados da inauguração da sua vídeo-instalação, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC), em Lisboa, a participar numa ocupação pacífica da instituição.

Rui Mourão e a "ocupação artivista" do Museu do Chiado
Notícias ao Minuto

21:23 - 04/07/14 por Lusa

Cultura Arte

"Estamos aqui em ocupação 'artivista' do Museu Nacional de Arte Contemporânea. Estamos a ocupar o Museu em defesa do Museu e não contra o Museu", disse o artista, na inauguração da mostra "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", com que procura demonstrar que o protesto político também é arte.

Interrompendo a inauguração, a soprano Ana Maria Pinto começou a interpretar "Acordai!", de Fernando Lopes-Graça, antecipando o uso da palavra de Rui Mourão, enquanto, de uma "chaise-longue", várias pessoas retiravam sacos-cama com a intenção de permanecerem no Museu.

O diretor do MNAC-MC, David Santos, disse à Lusa que o protesto se desenrolava "no enquadramento de uma reflexão que é absolutamente admissível e dentro de uma lógica artística".

"Não estou a ver o meu museu ocupado". "Tratando-se de uma exposição de Rui Mourão, seria de estranhar que não houvesse nada", afirmou David Santos.

Com a vídeo-instalação "Os Nossos Sonhos Não Cabem Nas Vossas Urnas", o artista tem por objetivo demonstrar que as novas formas de protesto político, no espaço público, se cruzam de "forma significativa" com a arte.

Atualmente, no MNAC-MC encontram-se cerca de 80 pessoas.

O artista disse, perante elas, que, em tempo algum, nenhum dos funcionários do Museu do Chiado soube da sua intenção. Esclareceu ainda que esta ação não se trata de "teatro, nem encenação", e convocou "todos os presentes a participarem numa assembleia cívica", que está em curso, para debater questões da Cultura.

Rui Mourão exigiu "mais dinheiro para a área cultural, artística e patrimonial" e, no final da assembleia, pretende apresentar as conclusões "a um ministro da Cultura", "um responsável máximo que defenda os interesses do setor cultural de igual para igual, em Conselho de Ministros".

"Politicamente, enquanto público e enquanto criadores de cultura, estamos verdadeiramente indignados - muito indignados mesmo - com a desvalorização a que estão votados os museus, as bibliotecas, os arquivos, o teatro, o cinema, a dança, a ópera, as artes visuais, o património cultural deste país e a sua criação contemporânea", afirmou Rui Mourão.

O diretor do Museu do Chiado, David Santos, disse à Lusa que a ação de Rui Mourão "não foi uma surpresa". "Seria sempre de esperar que qualquer coisa acontecesse".

David Santos disse ainda que não vai tomar qualquer atitude e que "há maleabilidade de horário", tendo em conta que se trata da inauguração de uma mostra.

Várias pessoas encontram-se deitadas na sala de entrada do MNAC-MC e foram afixados cartazes com palavras de ordem como "Ministério da Cultura já!", "Acesso gratuito aos museus todos os domingos", "Um por cento dos impostos para a cultura", "Menos dinheiro dos nossos impostos para PPP, 'swaps' e bancos! Mais dinheiro dos nossos impostos para museus, atrte e cultura!"

Nesta "vídeo-instalação", Rui Mourão desenvolve o conceito de "performance artivista", procurando evidenciar como os recentes protestos - "de qualquer quadrante político, mas todos tendo como alvo o bem comum" -- estão "contaminados pela arte".

A vídeo-instalação reúne dez "'performances artivistas' ocorridas em Lisboa entre 2009 e 2013, como uma única composição", e "metáfora da esfera pública", disse Rui Mourão à Lusa, quando da apresentação da mostra.

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